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O Cobre e o Latão em Oliveira do Hospital

 

Em primeiro lugar, apraz-nos dizer que esta exposição temática sobre tão nobre cobre e sobre o seu papel na economia de Oliveira do Hospital só foi possível de realizar com o apoio dos artesãos e casas de metais aqui representados e que fazem parte da Rota do Cobre de Oliveira do Hospital. A todos, o nosso obrigado.
Para além da escolha das peças a expor por cada casa e artesão, foram realizadas gravações sonoras aos intervenientes e que servem de base à instalação sonora desta exposição. A 'voz' do cobre, do latão e do zinco está, desta forma, espelhada também nesta exposição temática. 
A valorização e promoção de um produto 'da terra', para além de ocupar um espaço central no Museu Municipal Dr. António Simões Saraiva, que se pretende vivo e dinâmico, é um dos objetivos desta exposição.
A outra dimensão, autoral e artística, é aquela que está exposta, em peças de fino recorte, nobres tal como o cobre e tal como as gentes que nele trabalham desde a década de 20 do século passado.
Esperamos que esta seja uma agradável viagem pelo sentir e saber da nobre arte de trabalhar o cobre.

Rota do cobre e do latão


A capital do cobre e do latão é o título assumido pela localidade de Catraia de S. Paio, na União de Freguesias de Oliveira do Hospital e S. Paio de Gramaços. Ali podem visitar-se as casas que fazem do cobre a matéria-prima da sua atividade, apreciar a forma como os artesãos trabalham este metal, ou mesmo adquirir uma larga gama de peças em cobre, muitas delas destinadas a exportação: alambiques, bengaleiros, tachos e cataplanas, bandejas, canecas e um sem número de estátuas e peças decorativas. Pode até nem necessitar de um alambique, mas uma miniatura é sempre uma excelente recordação com que retornar a casa. No Museu Municipal Dr. António Simões Saraiva encontra algumas das peças de cobre. Já na latoaria, destaca-se o artesão António da Costa que, com mais de 70 anos, continua a manter viva a tradição e a atividade que iniciou na infância.

António Costa | Latoeiro, Avô

 

Até à década de 1970 existiam em Avô 3 latoarias, onde trabalhavam entre 3 a 5 funcionários. António Costa, comerciante aposentado, dedica-se atualmente à arte da latoaria que aprendeu com o seu pai. Na sua oficina, utiliza várias ferramentas oriundas do seu progenitor, sinal não só da longevidade destas peças artesanais de trabalhar o cobre, mas igualmente elo simbólico a um passado onde o latão era rei.
Tem realizado várias exposições em feiras nacionais, onde pratica, ao vivo, a arte de trabalhar o latão de forma tradicional.

Maria Graciosa Nunes (Art'e Lata) | Latoeira, Vila Pouca da Beira

 

Maria Graciosa desde nova que tem paixão pelas artes. Desde que findou o seu ultimo mandato como presidente da ex Junta de Freguesia de Vila Pouca da Beira que se dedica à arte de trabalhar o latão e o zinco, arte esta com alguma tradição na localidade. Na sua oficina, com loja de venda de produtos de autor e outros, produz peças em latão de modo tradicional, mas com a particularidade de terem um cunho muito pessoal, quer seja através da arte da pintura com que embeleza algumas peças, quer seja pela originalidade do fabrico de outras, como por exemplo as caixas em latão para garrafas de vinho e licores ou guarda jóias.
Para além de trabalhar nas suas peças autorais, Maria Graciosa tem igualmente o cuidado de dar formação na área a quem a procura, com o desejo de que esta arte não desapareça no futuro. 

José Neves Matias | Senhor das Almas

 

Antigo funcionário de Carlos Faria da Cunha, José Matias estabeleceu-se por conta própria no final da década de 1970 do século passado, depois de uma passagem pela Africa do Sul. 
Começou por se dedicar ao fabrico de alambiques, em vários formatos, desde alquitarras aos de formato de 'pêra', passando por aqueles em forma de 'capacete', como nos explicou e que podem observados na sua loja.
Actualmente, dedica-se ao fabrico de alambiques em pequeno formato e peças utilitárias por encomenda.

Casa Luzarte | Catraia de S. Paio

 

Fundada na década de 20 do século XX, a Casa Luzarte é das mais prestigiadas casas de metais de Portugal, com o fabrico de peças autorais e encomendas várias para o mercado internacional e ainda a reinterpretação das suas peças tradicionais e readaptação de outras, tendo em conta os novos gostos do mercado. 
Em termos de produção de peças para exportação, fabricam neste momento lavatórios, lavabos, pias e banheiras para o mercado europeu e americano, uma vez que, atualmente, o mercado interno se encontra em crise neste setor. Para a Alemanha, exportam sobretudo alambiques para destilação de plantas usadas em perfumes e igualmente para o fabrico de bebidas alcoólicas. No âmbito da Feira Internacional de Design e Arte - Eunique em Karlsruhe a convite da ADXTUR - Agência para o Desenvolvimento das Aldeias do Xisto, que este ano representou Portugal naquele certame, a Casa Luzarte produziu também novas e contemporâneas peças.

Metalúrgica da Catraia | Catraia de S. Paio

 

A Metalúrgica da Catraia é uma das mais conhecidas casas de metais da Catraia de S. Paio, com fabrico de peças autorais desde a década de 60 do século XX. Os tradicionais alambiques e os 'tachos de rojões', como são conhecidos, são duas das peças mais populares desta casa e aquelas que eram produzidas em exclusivo na altura em que a fábrica abriu portas. 
Hoje em dia dedicam-se ao fabrico de novas e modernas peças, ao gosto do mercado atual, e ainda ao trabalho de restauro de lustres e peças antigas, como são exemplo as existentes no Liceu Passos Manuel, em Lisboa, no Palácio da Pena, em Sintra ou no Museu da Cerveja, também em Lisboa, neste caso também com a produção de peças originais. Ao nível das exportações, têm Inglaterra como o país com mais clientes, principalmente na produção de alambiques. 

Brilho Fulgor | Catraia de S. Paio

 

Depois de trabalhar com o seu irmão Carlos Faria da Cunha, Fernando Faria da Cunha estabelece-se como caldeireiro em 1956. Com a ajuda financeira do seu amigo e médico Virgílio Ferreira, que na altura lhe emprestou 2500 escudos, comprou no Porto a matéria prima (chapas e tubos) necessária para o inicio de atividade, assim como as várias ferramentas para trabalhar a matéria. 
Alambiques, tachos e braseiras, assim como restauro de várias peças, constituem as primeiras encomendas de Fernando Faria da Cunha que, na década de 1970 cria a Metalúrgica da Beira, com sede em Catraia de S. Paio e lojas em Viseu e no Porto. A empresa prosperou e a partir de 1985 o empresário deu cota aos seus 3 filhos que, a partir de 2003 passa em definitivo para José Luís Cunha.

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