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Estúdio de gravação Chateau d'Herouville, Paris. Na rua, músicos e produtor batiam compassadamente com os pés na estrada de asfalto, produzindo a percussão que se ouve em “Grândola, Vila Morena”, essa canção maior, senha e símbolo da liberdade portuguesa, senha e símbolo do 25 de Abril de 1974.

“"Grândola Vila Morena", tema que José Afonso escreveu a 17 de Maio de 1964, praticamente dez anos antes da revolução, quando conduzia um automóvel com que regressava a Lisboa, acompanhado pelos guitarristas Fernando Alvim e Carlos Paredes, de uma apresentação na inspiradora vila alentejana. O tema seria depois gravado em França, em 1971, como parte do álbum “Cantigas do Maio”, que contou com produção de José Mário Branco. Francisco Fanhais, que juntamente com o guitarrista Carlos Correia, José Afonso e José Mário Branco foi um dos quatro envolvidos na gravação da canção, recordou à BLITZ a história desse registo, no famoso estúdio do Chateau d'Herouville: "aqueles passos que se ouvem no início não são de soldados, foram captados em estúdio numa espécie de encenação do tipo de ambiente criado pelos grupos corais alentejanos. Foi esse o ambiente que o Zé Mário quis reproduzir".”

http://blitz.sapo.pt/principal/update/duas-cancoes-uma-revolucao-a-historia-de-grandola-vila-morena-e-e-depois-do-adeus=f91881

 

José Afonso, nascido em Aveiro a 2 de agosto de 1929, é a referência maior da canção portuguesa de intervenção, tendo em conta o espírito social e político do Portugal dos anos 70 do século XX. 
Mas José Afonso, o artista Zeca Afonso, “andarilho, poeta e cantor”, é muito mais do que isso: baladeiro dos tempos de estudante universitário em Coimbra, poeta de sensibilidade maior, compositor de excelência, músico visionário, introduzindo “outros sons” nos seus discos e marcando-os de forma seminal, da música concreta ao caldeirão de referências musicais com África à cabeça, cantor, agitador de consciências e outras coisas mais que cada um de nós, apreciador da sua pessoa e da sua arte, pode construir.
José 'Zeca' Afonso, faleceu a 23 de fevereiro de 1987, em Setúbal, vítima de “esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada em 1982. O funeral realizou-se no dia seguinte, com mais de 30 mil pessoas, da Escola Secundária de S. Julião para o cemitério da Senhora da Piedade”. 
Há 30 anos que estamos sem Zeca Afonso.

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